26 de janeiro de 2010

Em Tempo de Adaptação

O início do ano é um momento precioso na escola, em que tudo é novo e difícil para crianças, pais e professores. Mas, com paciência e carinho, as relações vão se construindo...



Início do ano letivo. Uma nova turma de crianças faz a sua estréia na escola. É tempo de adaptação. É bem verdade que, hoje em dia, a maioria das crianças começa bem cedo na creche nem se lembrando do seu primeiro dia na escola, porém, mesmo para estas, a ida para uma nova escola é um momento especial.


Costuma-se chamar de adaptação o período inicial do ano letivo em que crianças (e também seus responsáveis) estão se acostumando à nova escola. Cada escola tem suas próprias crenças e métodos. Algumas acham desnecessário dar um tempo para esse "acostumar-se", mas a maioria, especialmente as que trabalham com crianças pequenas, planejam um período de adaptação cuja duração e características variam. Normalmente, neste período, os pais são convidados a ficar na escola com a criança e pode existir um horário mais curto e flexível que aumenta gradativamente.


Muitos, se perguntados, dirão que adaptação é isso. Algo, portanto, que tem a ver com crianças pequenas e escolas novas. É verdade, adaptação é isso e um pouco mais... A flexibilidde do horário e a permanência de alguém conhecido da criança na escola são o lado visível do processo que envolve outros aspectos que, muitas vezes, passam despercebidos.


Ao entrar para uma escola, a criança trava conhecimento com um novo espaço que é físico e também subjetivo, afetivo, enquanto espaço de relações. Lembro-me de uma mãe que contava que os filhos teimavam em dizer que a nova escola era menor que a anterior embrora ela fosse visível e gritantemente maior.


A moça se dizia decepcionada com a reação dos filhos, pois o espaço amplo oferecido pela nova escola fora um dos pontos que pesara na escolha do colégio. Fiquei pensando de que espaço falavam aquelas crianças...

Quando chega numa escola nova, vinda de outra de que gostava - que muitas vezes é a creche onde entrou ainda bebê - e da qual não saiu por vontade própria, a criança pode estar dividida. Perdeu muito e ainda não sabe o que (e se) ganhou: "Nessa escola não tem nada do que eu gosto!", dizia o garotinho emburrado. E, quando a professora perguntou sobre o que havia na outra escola e mostrou que ali havia material parecido, ele não se deixou convencer: "Tudo na minha outra escola era mais bonito".

"Eu não queria vir aqui. Foi minha mãe que queria." Às vezes acontece de a criança estar vindo de uma outra escola da qual não gostava. Não sabe o que esperar da nova. Por que deve acreditar que a nova seja melhor ? "Não gosto daqui, não gosto de nenhuma escola. Quero ficar em casa", repetia a menina a cada tentativa de aproximação da profesora. O que dizia era verdade. Não podeia gostar daquele lugar que ainda não conhecia. Precisará de tempo para descobrir que as escolas são diferentes, tempo para descobrir no novo ambiente algo que a interesse, que a encante, tempo para se deixar encantar.

Quando penso nos muitos períodos de adaptação que já acompanhei, ecos e imagens variadas me vêm à mente. Há crianças que chegam animadas e vão logo perguntando: "Onde é minha sala?" Isso quando não entram despachadamente na primeira porta que encontram e tratam de explorar o novo ambiente sem a menor cerimônia. Sentem-se à vontade desde o momento que chegam.

Há as que chegam devagar, trazendo na mão algum brinquedo ou objeto. Olham tudo com atenção, aproximam-se devagar. Vão até a porta da sala, mas se recusam a entrar. Ficam olhando da porta o que acontece lá dentro. Aos poucos acabam entrando. Há também as que chegam assustadas, não soltam as mãos que as trouxeram e sequer olham para a professora ou quem quer que se aproxime.

Dentre todas as imagens que me vêm à mente, quando penso em adaptação, uma me parece particularmente rica de significados. É a de crianças paradas no meio do caminho que leva à sala, seja no corredor, ou entre os dois lances de escada que, no colégio onde trabalho, levam às salas que ficam no primeiro andar. Param indecisas sem saber se voltam para a mãe, o pai, a babá ou a avó que acena (ou acaba de desaparecer), ou se seguem ao encontro da professora que as aguarda na sala. Às vezes olham para trás, para os lados... Imagino que tudo deva parecer enorme e vazio!


Quando as vejo pararem indecisas, sem saberem se vão para frente ou para trás, costumo ir até elas. Em geral, uma palavra de incentivo basta, ofereço a mão, subimos juntas e eu as acompanho até a sala. Outras vezes acontece de pararem no meio do caminho e começarem a chorar. O desespero é tal que não há como subir, como continuar e, nesse caso, procuro ajudá-las a voltar, a ir ao encontro dos braços conhecidos que a trouxeram. Entretanto, mesmo acompanhadas, há crianças que não conseguem se decidir a continuar, ficando assim a meio caminho - lugar desconfortável - entre a segurança do já conhecido e as possibilidades do novo. A estas, com paciência e tranqüilidade, pode-se mostrar que suas pernas alcançam os degraus. Que vale a pena o esforço da caminhada. Algumas crianças precisam ser buscadas antes de conseguirem ir por conta própria.

É interessante observar como as crianças chegam. É igualmente interessante observar como são trazidas. Ao receber uma criança, uma escola recebe uma família. Com isso gostaria de chamar atenção para o fato de que o período de adaptação pode ser uma necessidade para os pais que levam seu filho/filha para a escola. "Estou mais nervosa que ele", dizia a mãe. "Não sei se vai dar certo. Acho que ele é ainda muito pequino." Muitas vezes o adulto está inseguro seja quanto à capacidde do filho/filha (ou da sua própria) de enfrentar a situação nova, de encontrar pessoas diferentes.

Como as crianças, muitos vêm de outras experiências, de outros filhos. Mas há os que nunca passaram por isso, são "marinheiros de primeira viagem". Cada um traz sua história. Todos trazem expectativas. Como as crianças, uns logo sentem à vontade enquanto outros parecem tensos. Há os que se sentem enciumados, ameaçados ou postos a prova. Como se, diante das reações da criança, sua competência, enquanto pais, fosse ser julgada. Lembro de uma mãe que empurrava a filha na direção da sala, parecendo muito aflita. Falava sem parar com a menina que, sem parecer ouvir, mais se agarrava a ela e continuava a chorar. Quanto mais ela insistia, prometia e ameaçava, mais a criança gritava. O desespero de ambas era visível. Quando me aproximei, a mão falou: "O que vocês devem estar pensando de mim com essa criança que não pára de chorar ? Vão pensar que não dou educação, que ela é mimada, insegura. Só tem ela chorando. Até os menores já estão na sala. Não sei o que houve. Ela nunca foi de fazer escândalo." Antes de tudo era preciso tranqüilizar aquela mãe. Falar-lhe da importância da sua presença para a menina, explicar-lhe que ninguém a estava julgando, assegurar-lhe que podiam ficar juntas, que não havia mal nisso, que com o tempo a criança a deixaria.

Às vezes, uma adaptação difícil é facilitada quando, em vez do adulto muito ansioso, que não consegue se sentir tranqüilo, a criança vem acompanhada pela babá, avó,enfim, outra pessoa que não esteja tão envolvida e que, portanto, possa transmitir segurança e tranqüilidade.


No que se refere aos pais, a adaptação faz parte do processo de construção de um vínculo de confiança com a escola. E, às vezes, confiar leva tempo. Alguns pais vão precisar testar e perguntar muito sobre tudo e todos antes de "entregarem"os filhos. É justo que queiram muitas informações. Mesmo algum tempo depois do início do ano letivo, somos surpreendidos com um comentário ou pergunta que nos fa pensar que os pais ainda têm dúvidas sobre a escolha que fizeram, o que é perfeitamente compreensível. Somente aos poucos, no desenrolar do ano, das relações, é possível ir conhecendo e avaliando a escolha feita. São muitos os aspectos envolvidos na escolha de uma escola. Sejam quais forem as razões que nortearam a escolha, e por mais cuidadosa que esta tenha sido, isso não garante que tudo corra bem, não significa que a escola corresponda ao que era esperado e que seja boa para aquela criança específica. Às vezes, uma determinada criança não se sente bem numa escola, enquanto seu irmão a adora.

Acontece ainda alguns pais trazerem o filho e avisarem que não podem ou não querem ficar. Certa vez presenciei uma mãe deixar o filho com a professora e, diante do choro da criança, dizer: "Não adianta, não vou ficar. Não tenha paciência, acho isso a maior frescura. Se chorar, chorou, depois pára." É preciso lidar com isso também. E, como em todas as situações, de preferência sem julgamentos, sem preconceitos, procurando garantir o espaço para as diferenças.Talvez ajude, se pensarmos que este é apenas um primeiro momento. Se for preciso, outros serão criados depois para trocar observações, sugestões, para ouvir, para contar, para entender...

E o professor ? Ele é peça fundamental nesse processo todo. Ele, também, por mais experiência que tenha, por mais conhecimento e jeito, passa a cada início de ano por um processo de adaptação à nova turma. Às vezes há outras adaptações a fazer como, por exemplo, ao seu par de trabalho, pois é comum o professor de crianças pequenas trabalhar com um professor auxiliar. Se mudou de turma, o professor terá que se adaptar à faixa etária do seu novo grupo e, nessa fase, um ano faz bastante diferença.


Já ouvi de alguns professores que não gostam do período de adaptação porque, nele, se sentem muito abservados. Para eles é um momento delicado, cansativo. O grupo ainda não se constituiu. Como dar atenção a todos ? Como dar o tipo de atenção que cada um requer ? Que fazer com aquele pai que monopoliza a atenção, falando do filho ?


A empatia entre o professor e a turma nem sempre é imediata: "Morro de medo de não conseguir gostar da minha turmas", disse-me certa vez uma professora. Como as crianças e as famílias, cada professor tem suas expectativas, sua história, seu jeito próprio, o qual, dentro do possível, é preciso respeitar. Cada um se tornou professor por um motivo diferente, cada um é um professor diferente. Aos poucos, à sua maneira, vão conquistando a turma, deixando-se conquistar por ela, e logo passam a ser vistos cercados de crianças que parecem já conhecer há muito tempo. Adaptação é tudo isso: é conquista, conhecimento, paciência, insegurança, crescimento, confiança... São tantas outras coisas! Um processo feito de outros processos individuais. Se envolve gente, envolve tempo, envolve sentimentos (às vezes contraditórios), envolve afeto.


E, voltando à imagem da escada da qual falei anteriormente, o melhor da história é ver como em pouco tempo - pouquíssimo - o subir penoso é substituído por um saltitar alegre e descontraído, acompanhado de risos e de uma tagarelice sem fim.

Por: Maria José de Serra
Fonte: Projetos Pedagógicos Dinâmicos

10 de janeiro de 2010

A Criança e a Disciplina



Aprender a sentir-se útil,
essa deveria ser uma disciplina dentro da grade curricular. 

 A Criança e a Disciplina


Uma criança não possui disciplina, ou ordem interna, ou externa, nem segue regra alguma. As regras foram criadas para padronizar o modo de agir dos adultos, coisa que para elas ainda não faz o menor sentido. Ocorre que numa sociedade organizada, todos precisam seguir as regras, até como uma forma consensual de haver entendimento, para que não exista o caos nas relações humanas, e as leis de um meio ou nação, se cumpram.
Como ela ainda não possui identidade, ou preferências, ou ideais, ou compromissos sociais, ou objetivos de vida, toda sua energia está concentrada na sua imensa disposição para aprender. Aprender qualquer coisa; seja desordem ou ordem. E nesse processo, também aprenderá a ser impaciente ou paciente; a saber ouvir ou a ignorar aquilo que lhe está sendo dito. 


Por isso mesmo, sua energia precisa ser direcionada da forma correta, de forma disciplinada e equilibrada, para as coisas práticas, que lhe serão úteis, e com menor intensidade, às atividades destinadas apenas a ajudar a passar o tempo. Nessa etapa, a depender do nível de conscientização do adulto que a assiste, ela aprende a ser naturalmente disciplinada, pela correta distribuição das atividades que lhe trarão frutos, no futuro.
A recreação, como a conhecemos, como é largamente praticada, apenas serve de meio para aumentar a indisciplina infantil, uma vez que se apóia na falta de objetivos claros, de metas diante das quais alguma coisa se reserve para o seu aprimoramento, para o desenvolvimento das habilidades necessárias ao seu correto crescimento, motor e mental.
Sentar à frente de um aparelho de televisão, e passar horas e horas a assistir programas infantis, quando ali, nada de útil lhe será acrescentado, servindo apenas de incentivo à indolência e preguiça, é pura insensatez. E ali ela aprenderá os primeiros passos, no desenvolvimento de manias desnecessárias que só lhe servirão de guia para vícios e hábitos nocivos, necessidades fúteis, sem valor educativo nenhum para sua formação disciplinar e moral. Do mesmo modo, que comportamento podemos esperar dos nossos filhos, se da sua educação cuida alguém, cheio de vícios, manias, hábitos negativos, sem um correto conhecimento da psicologia infantil?
A disciplina de cada um existe quando aprendemos a colocar ordem em nossas atividades, e compromissos, e em qualquer tarefa com a qual estejamos envolvidos. Disciplina não é cumprimento de horários, ou obrigações, ou aceitação de certos padrões. Isso não passa de simples interesse pessoal, motivado, na maioria das vezes, pelo desejo se obter algum tipo de vantagem, ou evitar algum tipo de constrangimento, o que dá no mesmo. 


A motivação pessoal, sem o desejo explícito por compensações, no cumprir de uma tarefa, pelo simples prazer de ver um trabalho, depois de iniciado, concluído, isso cria no indivíduo uma espécie de ordem interna, um sentimento de organização espontâneo, um compromisso para com ele mesmo. Desse compromisso nasce um forte desejo de ver seu trabalho realizado, daí surge a disciplina.
Esta ordem interna se aprende, quando lhes explicamos, porque devem fazer qualquer tarefa, por mais simples que possa inicialmente parecer. Mesmo que seja o calçar de uma meia, isso deve ficar claro para ela, o porquê está fazendo aquilo; qual a função, o que se espera como resultados, quais os benefícios daquela ação.


A delegação de tarefas simples, acaba por criar na criança,
um forte sentimento de utilidade para si mesmo.

Se lhes explicamos tais coisas desde o principio, a disciplina motivada pela prática de castigos e recompensas, torna-se coisa sem fundamento, sem necessidade. Torna-se até um momento agradável, aquele saber, o conhecer do porque das necessidades de realizarmos uma tarefa. Assim ela pratica a coisa sabendo porquê o faz. Desse modo, tende a se auto-disciplinar no futuro.
Não podemos pensar como uma criança, nosso condicionamento já nos fez esquecer disso. Podemos estudar seus comportamentos, seu modo de pensar não. Estudar seus comportamentos não é a mesma coisa que saber como pensam, apesar de acharmos que sim. O condicionamento de uma criança é o mínimo, enquanto que o nosso já é o máximo. Pensamos de acordo com nossas experiências e aprendizado, não sabemos o que elas sabem, o que para elas é ou não lógico, portanto, não sabemos como pensam.
Descobrir as preferências de alguém, não significa que saibamos como pensam. O modo de pensar, determina, além das escolhas, aquilo que se imagina obter após essa escolha, e isso é impossível de se determinar através de deduções, especialmente quando de trata de uma criança. Ela possui um mínimo de informações em sua mente, e descobrir qual a lógica que emprega em suas escolhas, é para nós, sumariamente, impossível.
Mas, podemos conhecer o resultado de cada uma dessas escolhas com antecedência, o que para nós é uma vantagem. Isso vem através de nossa experiência de vida, coisa que elas ainda não possuem. Explicar-lhes o que pode acontecer após cada escolha, esse é o mais acertado caminho para ajudá-las a criar uma ordem lógica interna. Poderão facilmente comprovar aquilo que falamos, isso lhes dará a certeza de que estamos do seu lado.


Aprenderão assim que, a cada ação praticada, uma reação se mostrará como resultado. Poderão aos poucos aprender a dedução, que é a capacidade de ordenar de forma lógica os eventos que poderão levá-las a determinados caminhos, sempre a partir de suas escolhas, do modo como decidem.
Isso criará, internamente, em cada uma delas, um forte senso de disciplina. Primeiro pela lógica da causa e efeito, segundo por serem capazes de antecipar, baseadas nos eventos, ou escolhas, o que provavelmente lhes poderia acontecer. Planejamento é a coisa resultante de tal aprendizado, e sem planejamento, não existe disciplina.

O Sentimento de uma tarefa cumprida, aumenta aos mais elevados níveis sua auto-estima. Mas, inicialmente, um adulto de sua confiança, deverá colocar o ponto final, no cumprimento de cada tarefa que assumam. Apenas assim, elas também aprenderão como começar, e finalmente quando deverão dar por concluída uma coisa.
Este elevado sentimento de ser capaz de iniciar, desenvolver e finalmente concluir uma tarefa, cientes do seu esforço e dedicação pessoal, deverá ser sua eterna fonte de motivação. Isso praticamente anula, torna sem valor as recompensas usadas como meio de forçá-las a cumprir qualquer coisa. Tais prendas, enfraquece seu caráter, estimula a preguiça e o desejo de ganhar pela lei do menor esforço. Isso contribui de forma dramática para que sejam fracas de vontade, ambiciosas, se tornem dispostas a usar de meios ilícitos para vencer os obstáculos.
Uma criança que sempre precisa do estímulo de prêmios por tarefas cumpridas, mentalmente, jamais será criativa, nem solidária, nem comprometida com o bem estar da humanidade. Esse jovem, ou adulto, se relacionará com seus pares, apenas pela troca de favores pessoais, nunca haverá sentimento de cordialidade, afetividade, ou respeito entre eles.
Finalmente, que exemplo podemos dar aos nossos filhos e alunos, senão nossa própria postura, nosso modo coerente de falar e agir, onde aquilo que é dito se transforma na respectiva ação, e nunca em promessas vazias, que apenas lhes servem de modelo para a desordem interna, desordem essa que logo será mostrada ao mundo em forma de ações.

Fonte: Site de Dicas

Socorro! Está Impossível Educar o Meu Filho




Socorro! Está Impossível Educar o Meu Filho

Mediante as dificuldades cotidianas de se educar os filhos, vê-se a necessidade de agir com maior rigor, utilizando-se de um planejamento a ser compreendido e discutido entre todos aqueles que convivem com as crianças. É importante criar um método que ajude no processo educacional dos filhos. Não obstante, agir organizadamente traz mais harmonia para dentro dos lares, além de gerar a gostosa sensação de se estar cumprindo a vital missão: educar o ser humano para uma vida mais plena.
Faz-se necessária a lembrança de que a educação infantil deve acontecer em casa, e que à escola compete a formação acadêmica, acrescida de alguns valores. Portanto, é um casamento de forças educacionais e não um jogo de empurra-empurra, no qual a criança deixa de ser educada e de quebra sente-se um transtorno. A educação leva tempo, não ocorre da noite para o dia. Ela é um processo. Não somos máquinas programáveis, somos gente, que necessita de desenvolvimento e maturidade para tornar a vida melhor.
Os últimos tempos têm dado amostras de resultados desastrosos de uma educação com baixos limites em sua estrutura, além da bola-de-neve dos relacionamentos ruins que são desenvolvidos, parte como conseqüência deste equívoco. Contudo, a natureza é especial, e as possibilidades favoráveis são ilimitadas. Para aqueles que despertam com nova esperança em seus corações, encontrarão força para fazer a diferença, de seu jeito particular, próprio de cada família.
Destacam-se alguns pontos-chave no processo de educação. Eles determinam o grau de êxito em cada caso. São o sacrifício, acordo, objetivos, conhecimento, paciência, firmeza e perseverança. Acrescente outros itens que desejar e melhore ainda mais este encontro de boa vontade na educação dos filhos.

1. SACRIFÍCIO: A tarefa da Educação requer sacrifícios como o da paciência, perseverança e firmeza. Tudo tem um preço na vida. Compreender o resultado do sacrifício ajuda a tornar o custo mais leve. Há tempos as pessoas evitam os sacrifícios, cujo termo significa: privação de coisa apreciada.

2. ACORDO: Todos os cuidadores precisam conhecer e estar de acordo, e agir em parceria. Assim, a força estará concentrada na união e na aprovação sobre a forma de se educar, em comum acordo. A criança percebe o conjunto coerente.

3. OBJETIVOS: Estas tarefas de Educação visam a educar a criança e, conseqüentemente, trazem mais harmonia para o lar. Todos devem ter conhecimento acerca do que se pretende com a educação.

4. CONHECIMENTO: A criança, a partir de 2 anos de idade aproximadamente, testará e contestará os pais, utilizando-se da famosa birra (choro, esperneação, etc) como instrumento para esta finalidade “Quem não chora, não mama”.

5. PACIÊNCIA: Sem a paciência desistimos de nossos projetos, com ela, nos alimentamos diariamente, dando forças para a firmeza.

6. FIRMEZA: Manter a prática firme da educação e criar o seu hábito levam a consistência e a segurança da criança. Lembre-se que o tempo gera o hábito. O hábito gera economia.

7. PERSEVERANÇA: No dia.a.dia é que se constrói a educação, portanto, a sua manutenção persistente é fundamental. A constância permite um resultado bem melhor.

Vale lembrar a questão humana presente na vida familiar: o quanto se está envolvido com os filhos e as influências causadas nos pais em virtude de seus comportamentos. Ou seja, tolera-se ou não certos comportamentos infantis de acordo com algumas experiências passadas dos pais, tais como o choro, as dificuldades, etc. Os pais podem estar “cegos” mediante certos comportamentos dos filhos. A história de vida é singular. Cada um tem a sua, inclusive a criança. Misturar as estações só dificultará o processo educacional, e de convivência. Não é tarefa fácil, todavia vale a pena.
Outra questão é o sentimento de culpa é comum nos pais, em virtude do pouco tempo que passam juntos com os seus filhos, pelo baixo ânimo e paciência que oferecem após um dia de exaustivo trabalho, além do acúmulo de noites mal dormidas, etc. No entanto, a culpa apenas dificulta a educação, diminuindo as chances de se praticar o que é necessário. Os pais acabam invertendo as prioridades, dão o que não deve, a exemplo dos presentes. Não compre os filhos com coisas, compartilhe educação.

Algumas regras colaboram no processo da educação infantil: 


  • Estar disposto a certos sacrifícios.


  • Manter comunicação constante. As conversas fazem parte da educação.



  • Não atender as birras, mas aos pedidos.



  • Expor à criança que só será atendida se pedir em tom de voz normal.



  • Evite usar os personagens de televisão para amedrontar ou punir os filhos, faz mais sentido alegar que são os pais ou cuidadores que estão educando.



  • Não voltar atrás.



  • Oferecer algum tempo diário para se dedicar aos filhos, carinho, brincadeiras, etc.



  • Evite a contradição entre o que é dito pelos pais. A criança se sente confusa e dividida.



  • Os pais são o modelo a ser seguido. Pense que tipo de modelo é o seu.



  • Não acredite que o tempo, por si só, dará jeito na situação. Não haveria sentido em existir a educação.
O pedido de socorro emitido pelos pais é compreensível, porém, a criança também grita por ajuda. A birra é uma forma de saciar os prazeres infantis, entretanto, quando atendida, ela agrada e ao mesmo tempo gera um mal estar na criança, que precisa de educação. Quando nos sentimos sem apoio (limites), a angústia é a sensação que expressa tais circunstâncias. O sacrifício de manter a educação é a luta diária que cabe aos pais, e que tem como recompensa a boa formação. Sacrifício requer uma cota de entrega. Em Efésios 5:2, temos: “e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave”.
Pense profundamente sobre a entrega que deseja empreender. O método que persiste é aliviado pelo tempo. A criança aprende e cria os seus mecanismos próprios. Creia nela e em suas possibilidades de educação.

Fonte: Site de Dicas

A Pedagogia de Projetos no Processo Ensino-Aprendizagem da Educação Infantil


A criança é um ser em desenvolvimento,
com potencial para tudo, mas que depende de
nossa experiência para aprender, a coisa errada ou certa...

A Pedagogia de Projetos no Processo Ensino-Aprendizagem da Educação Infantil

Modernamente, a escola objetiva formar cidadãos autônomos e participativos na sociedade. Para conseguir formar este cidadão, é preciso desenvolver nos alunos a autonomia, a qual deve ser despertada desde a Educação Infantil. A Pedagogia de Projetos encontra-se como um instrumento de fácil operacionalização dentre a gama de possibilidades para atingir tal intento.

A Pedagogia de Projetos é uma metodologia de trabalho educacional que tem por objetivo organizar a construção dos conhecimentos em torno de metas previamente definidas, de forma coletiva, entre alunos e professores.

O projeto deve ser considerado como um recurso, uma ajuda, uma metodologia de trabalho destinada a dar vida ao conteúdo tornando a escola mais atraente. Significa acabar com o monopólio do professor tradicional que decide e define ele mesmo o conteúdo e as tarefas a serem desenvolvidas, valorizando o que os alunos já sabem ou respeitando o que desejam aprender naquele momento.

Na Pedagogia de Projetos, a atividade do sujeito aprendiz é determinante na construção de seu saber operatório e esse sujeito, que nunca está sozinho ou isolado, age em constante interação com os meios ao seu redor. Segundo Paulo Freire "o trabalho do professor é o trabalho do professor com os alunos e não do professor consigo mesmo". O papel do educador, em suas intervenções, é o de estimular, observar e mediar, criando situações de aprendizagem significativa. É fundamental que este saiba produzir perguntas pertinentes que façam os alunos pensarem a respeito do conhecimento que se espera construir, pois uma das tarefas do educador é, não só fazer o aluno pensar, mas acima de tudo, ensiná-lo a pensar certo.

O mais importante no trabalho com projetos não é a origem do tema, mas o tratamento dispensado a ele, pois é preciso saber estimular o trabalho a fim de que se torne interesse do grupo e não de alguns alunos ou do professor, só assim o estudo envolverá a todos de maneira ativa e participativa nas diferentes etapas.

É importante perceber a criança como um ser em desenvolvimento, com vontade e decisões próprias, cujos conhecimentos, habilidades e atitudes são adquiridos em função de suas experiências, em contato com o meio, e através de uma participação ativa na resolução de problemas e dificuldades. Por isso, ao desenvolver um projeto de trabalho, os educadores devem estar cientes que algumas etapas devem seguidas:

A primeira delas é a intenção, na qual o professor deve organizar e estabelecer seus objetivos pensando nas necessidades de seus alunos, para posteriormente se instrumentalizar e problematizar o assunto, direcionando a curiosidade dos alunos para a montagem do projeto.

Em seguida, a preparação e o planejamento; nesta segunda etapa, planeja-se o desenvolvimento com as atividades principais, as estratégias, a coleta do material de pesquisa, a definição do tempo de duração do projeto, e como será o fechamento do estudo do mesmo. Ainda nesta fase, o professor deve, elaborar com os alunos a diagnose do projeto que consiste em registrar os conhecimentos prévios sobre o tema (o que já sabemos), as dúvidas, questionamentos e curiosidades a respeito do tema (o que queremos saber) e onde pesquisar sobre o tema, objetivando encontrar respostas aos questionamentos anteriores (como descobrir). Essas atividades prestam-se a valorizar o esforço infantil, contribuindo para a formação do autoconceito positivo.

Execução ou desenvolvimento; é nesta etapa que ocorre a realização das atividades planejadas, sempre com a participação ativa dos alunos, pois eles são sujeitos da produção do saber e, afinal, ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua construção. É interessante realizar, periodicamente, relatórios parciais orais ou escritos a fim de acompanhar o desenvolvimento do tema.

E enfim, a apreciação final, na qual é necessário avaliar os trabalhos que foram programados e desenvolvidos, dando sempre oportunidade ao aluno de verbalizar seus sentimentos sobre o desenrolar do projeto, desse modo ao retomar o processo, a turma organiza, constrói saberes e competências, opina, avalia e tira conclusões coletivamente; o que promove crescimento tanto no âmbito cognitivo, quanto no social, afetivo e emocional.

É possível a realização de dois ou três projetos concomitantes com bastante proveito, uma vez que podem abranger diversas áreas de conhecimento, o que oportuniza o desenvolvimento da autonomia para solucionar problemas com o espírito de iniciativa e de solidariedade.

Fonte: Site de Dicas.